segunda-feira, 9 de março de 2015

Dualidade de Deus



  Este é texto baseado no original do professor e escritor Flávio Vassoler muito interessante pois fala do mal e a dualidade divina buscando  sua fonte na visão do filósofo Santo Agostinho.
   Agostinho de Hipona antes de se converter e virar santo gostava de tomar um bom vinho usando as sapatilhas das cortesãs como taças. Após conhecer o deus cristão passou investigar as contradições existenciais de um Deus que é infinitamente bom, onisciente, onipresente e um mundo criado por esse Deus seja dominado pelo mal.
   "Quem me criou? Não foi meu Deus que é bom, e é também a mesma bondade? De onde veio então o querer eu o mal e não querer o bem? Seria para que houvesse motivo de eu ser justamente castigado? Quem colocou em mim e quem semeou em mim este viveiro de amarguras, sendo eu criação do meu Deus tão amoroso?
Se foi o demônio quem me criou,de onde ele veio? E,se, por uma decisão de sua vontade perversa,se transformou de anjo bom em demônio, qual é a origem daquela vontade má com que se mudou em diabo, tendo sido criado anjo perfeito por um Criador tão bom?"
  Segunda a tradição espírita sendo Deus o princípio de tudo que é bom, infinita sabedoria, toda bondade, toda justiça nada possa produzir que seja mau e injusto. O mal que se observa não pode está Nele.
Segundo essa mesma doutrina é impossível a figura de um ser maquiavélico tão poderoso que possa rivalizar com o próprio Criador. Neste caso haveria duas potências rivais em briga pela domínio da Terra e todo o universo, embora na visão do Zoroastrismo há um eterna dualidade entre Ahura Mazda ( deus supremo criador de todo o universo) e Ahrimam responsável por todos os males. Muitos são os pesquisadores de religiões que afirmam que tanto o judaísmo, cristianismo e posteriormente o islamismo herdaram essa tradição da dualidade divina.
  Voltando a questão do mal segundo a doutrina kardecista, a origem desse mal está em duas categorias: os flagelos naturais e os males que o homem pode evitar. Sendo esses flagelos não podem ser compreendidos pelo homem pois ainda apresenta certas faculdades restritas e que ainda não compreende os desígnios de Deus. Neste caso o homem não tem ainda uma visão panorâmica de toda suas vidas pregressas, apenas uma visão turva da vida corpórea atual. Por isso que certos males que parecem ser obra do destino têm suas origens, em maioria, numa existência anterior. Todavia nem toda provação consiste numa vida pregressa, segundo o próprio Espiritismo, esse é um planeta de provas e expiações e muitas dessas provas são consequências da existência atual como oportunidade de crescimento para a pessoa.
  Flávio Vassoler coloca que Santo Agostinho estabeleceu uma gradação do que é sumamente bom, no caso, Deus e o que é bom, ou seja,a natureza, a gente toda a criação. Sendo que esse bom pode ser corrompido . Se fosse absolutamente, as pessoas, boas seriam incorruptíveis. Como aconteceu com  Lúcifer, apesar de ser o mais belo dos anjos, era bom não absolutamente bom.(baseando na visão cristã). A tradição católica- protestante, de acordo com Vassoler, vai interpretar tal gradação como algo pertencente ao seres humanos apesar de Cristo de tido " Vós sois deuses".Vassoler também diz que a "tradição espírita - a bem dizer, a tradição reencarnacionista, que transcende o cristianismo e dialoga, por exemplo com o hinduísmo e o budismo - apreende um movimento do que é bom para o que é sumamente bom. O que é bom conteria em si a potência daquilo que já sumamente bom em ato."
  O mesmo coloca " mal cometido pelos homens e mulheres , de uma forma ou outra, seria oriundo de Deus, o Criador. Católicos e protestantes poderiam falar sobre livre-arbítrio, sobre a escolha de Adão e Eva fizeram entre o bem e o mal, tanto o bem quanto o mal tinham que possuir substância, isto é, tanto o bem quanto o mal precisavam existir. Se ambos existiam, provinham do Criador. Assim o mal teria sua origem em Deus".
  A ótica de Vassoler pode assustar e até indignar muitos espiritualistas, mas em Filosofia os questionamentos são bem-vindos. Esse texto tem a função de reflexão, de questionamento sem impor verdades absolutas mas abrir para um diálogo possível.




Um comentário:

  1. O mais interessante é que Deus sendo oniciente Ele de alguma maneira já sabia que Adão e Eva pecariam a árvore do conhecimento do bem e do mal foi colocada ali propositadamente a intenção divina parecer ser essa msm que o homem comesse do fruto e fosse igual a Deus sabendo o que é o bom e o que é mal, o homen passou a partir daquele momento deixar de ser ino-cencia e passar a ser con-ciencia.o objetivo de estarmos aqui na terra é pra vencer essa dualidade do bem e do mal para nós tornar oni-ciencia.

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