quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sobre Anjos:

  A maioria das pessoas têm uma ideia preconcebida a respeito dos anjos,à qual é no mais das vezes estabelecida à margem de qualquer estudo aprofundado. Muitos têm até mesmo dificuldades em modificar suas concepções a esse respeito. O mesmo acontece com relação a o conceito de Deus (inclusive para ateus).
   A primeira atitude que o estudante sincero deveria adotar perante esse tema consistiria respeitar a sensibilidade de cada um e introduzir a ideia de anjo em nosso coração: o anjo de nossa compreensão. Em seguida a essa medida - que é ao mesmo tempo tolerante,compreensiva e realista - torna-se possível empreender um verdadeiro estudo a propósito.
A segunda atitude consistiria em pesquisar aos escritos de mestres antigos e buscar compreender o que os autores desses textos quiseram verdadeira mente dizer pelo termo "anjo".
  Alguns nomes de anjos, em diversas línguas, apresenta o sufixo ''EL" que significa "Deus". Ao contrário do homem que possui um nome próprio que lhe faz ser uma criatura relativamente livre, o anjo representa apenas um aspecto da Divindade. Força de Deus,Justiça de Deus, Desejo de Deus...tais podem ser seus nomes. Existe com isso uma verdadeira contradição situada no coração das mensagens dos religiosos: uma vez que o anjo permanece sendo um aspecto ou face da Divindade, como podem existir anjos rebeldes? Na realidade a noção de anjo nasceu no Oriente Médio, nos países que contribuíram para o nascimento da escrita ( Suméria,Caldeia e Egito). Ela substituiu progressivamente o politeísmo.
  O temo "anjo" do grego ''anggelos" significa ''mensageiro". Pressupõe que haja uma mensagem para ser transmitida. Essa ideia se situa na continuidade da filosofia do Verbo. A Divindade fala e seu Verbo pronunciado por mensageiros é o mundo. Observamos, por exemplo, uma árvore. O vegetal pode ser misticamente considerado como uma simples palavra do discurso divino. Aquele que pronuncia a palavra é o mensageiro. Não se trata de uma palavra brotada repentinamente mas antes uma pronúncia que começa na emergência da árvore de sua semente e que prossegue até a morte. Toda a forma no universo é pronunciada desse modo  por um mensageiro e existem miríades de formas. Eis a razão pela qual o anjo foi frequentemente confundido com as forças e leis naturais. O que  adiciona a noção de anjo às noções de forças e leis é o suplemento do Ser,de verbo ou de alma que religa à Divindade. O anjo recobre e salva o elemento do mistério que permite vislumbrar um futuro metafísico das ciências.
   A assembleia de anjos é considerada como uma hierarquia.Esta concepção deriva do fato que é impossível explicar a emergência do mundo com ajuda da unidade pura. O pensamento serve de intermediário. Uma escada graduada se origina na Unidade Primordial. Esta escada desce para multiplicidade,sem que com isso perca sua perfeição intrínseca, pois é sempre o Uno que se exprime por seu intermédio. Existe apenas menos atributos no primeiro degrau da escada do que no segundo.
Assim sendo, quando o místico se volta para aquilo que concebe como Deus este pode receber duas definições:
  1. Ele é o Deus do seu coração, e de sua compreensão;
  2. Ele pode ser o mensageiro ou anjo de sua compreensão.
    Por tanto, a manifestação da Consciência Cósmica no homem pode assumir o nome de Mestre Interior, Cristo Interno, Buda Pessoal e ser o Anjo Guardião.     

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