domingo, 10 de maio de 2015
As Correntes Iniciáticas da Antiguidade e sua influência no cristianismo
A Igreja Cristã floresceu em meio às atividades religiosas do povo judeu. As principais bases de sua doutrina surgiram do contato prolifero entre o judaísmo e a cultura greco- romana. As duas culturas forneceram enormes subsídios para a sistematização do conjunto dogmático cristão. Desde seus primórdios, o cristianismo conviveu com diversas outras correntes sociais e culturais da antiguidade. No bojo desses acontecimentos ocorreram contatos com as doutrinas das Escolas de Mistérios.
A História tradicional sempre menosprezou algumas dessas manifestações. Graças ao avanço provocado pelas interpretações historiográficas, as noções sobre sujeito e tempo progrediram. As mentalidades e o cotidiano tornaram-se ferramentas para a compreensão das conjunturas históricas. A nova história propõe uma abordagem diferente para as relações interpessoais e sua observação avança para além das grandes datas e acontecimentos. A história coletiva substituiu a visão ortodoxa dos grandes personagens como agentes históricos. Tudo passou a ser considerado objeto da História, inclusive o homem comum.
O auge das correntes iniciáticas aconteceu sob o domínio romano. A configuração e estruturação do poder imperial abrangeram o período de aproximadamente 509 a.C até 476 d.C. Neste espaço de tempo Roma tornou-se o centro da Idade Antiga e como tal exerceu enorme controle sobre o espaço territorial. A política do Panem et Circense (Pão e Circo) sempre delineou os caminhos daRoma Imperial.
O império costumava ser tolerante na questão religiosa e aproveitar as crenças regionais em benefício próprio era uma de suas artimanhas políticas.
No século III a.C. Roma incentivou enorme sincretismo no mediterrâneo ( umbanda romana !?) Foi neste período que as Religiões de Mistérios se alastraram por todo o território romano.
A expansão dessas correntes concretizou -se graças à decadência das religiões clássicas. Essa forma de religiosidade intelectualizada era privilégio de poucos e excluía a maioria da população. Só governantes e pessoas eruditas podiam desfrutar do auxílio do panteão romano. O culto ao imperador e a preocupação com os ritos exteriores não oferecia resposta para as vicissitudes da vida comum. Por isso, as Escolas de Mistérios propunham um conhecimento diferenciado. Nesses contextos, enormes contingentes passaram a migrar para suas fileiras. Algo que as tornou extremamente populares em sua época!
Mais tarde, com o declínio do Império Romano,o cristianismo absorveu diversos ritos e preceitos iniciáticos, adaptando-se em benefício de seu crescimento. A palavra mistério é oriunda do grego Mysterion, usada no plural para determinar um conjunto de Ritos Esotéricos. Urgia então associar esse saber ao cotidiano.
Os grandes contingentes populacionais viviam em regiões agrárias. Sendo assim, os cultos praticados nas Fraternidades Iniciáticas utilizaram as ferramentas que estavam ao seu alcance. Eles relacionavam-se com a renovação cíclica da natureza. Suas cerimônias destinavam-se à renovação do valor sagrado do homem com a natureza e o universo. Havia, inseridos nesse contexto,diversos apelos psicológicos que preparavam seus adeptos para a transição pessoal. Seus ritos demandavam várias etapas de aprendizado.
Esses ciclos exigiam provações nas quais,em diversas iniciações, os postulantes testavam sua fidelidade aos ensinamentos adquiridos. Através da superação de graus atingidos por mérito próprio, os postulantes abandonavam sua condição de neófitos. Passavam então a gozar da experiência transcendental de forma singular. As Escolas Iniciáticas estavam presentes estrategicamente em todo mundo antigo.As suas lições abrangiam desde assuntos facilmente compreensíveis até complexos sistemas matemáticos.
Nos seus ensinamentos a morte fisica do ser humano reproduzia os ciclos sazonais da natureza. Este conhecimento secreto garantia ao iniciado a possibilidade do renascimento.
As Escolas de Mistérios, através de seus tratados, forneceram subsídios para a estruturação das principais teses metafísicas da História. Seu estabelecimento possibilitou a interação entre o saber clássico e a religiosidade popular. Ao oferecer conforto e esperança, o homem continuava a travar sua mais profunda batalha: a superação da morte física!
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