A palavra Caos vem do termo grego Chaos que se refere a Escuridão Inicial ou Universo sem forma. Na filosofia pitagórica, Caos é a "matéria não organizada" anterior à criação do Universo, considerada a matéria-prima ou a desordem primordial. Outra palavra de origem grega, APERION Ou Vazio também significa Caos e refere-se ao Incircunscrito e Ilimitado, Incriado, Imperfeito e Imanifestado. Há nesse "estágio" (se é que pode ser considerado como tal) o "vir a ser" ou "potencial" é equivalente às "águas primordiais" ou à "face do Abismo"do Livro do Gênesis.
O Cosmos é então o produto do Caos/Aperion. É também denominado como PERAS ou seja: Delimitado,Circunscrito,o Universo Criado, Perfeito e Manifestado. Os antigos gregos contaram que a criação do universo se deu a partir do do Vazio ou Escuridão Inicial. Foi nessa Escuridão surgiu Eros, uma deidade da fertilidade que depois foi associada ao Amor Erótico, mas inicialmente representa o ímpeto criativo por trás da vida e da natureza. Com Eros veio Gaia, a deusa da terra, e Tartaros o deus do submundo. Gaia teve Urano e com ele teve filhos, os seres denominados Titães que deram origem aos seres humanos e o Ciclope que originou as montanhas,mares etc.
Egito Antigo e o Equilíbrio entre Ordem e Caos:
Os mitos da criação de um universo que surge do corpo caótico da água está presente também na cosmologia egípcia. Ela tem o rio Nilo seu fator principal. Nas terras onde ele inundava, garantia colheitas abundantes. A região onde existia fertilidade era denominada Kemet ou Ordem (também denominada Terra Preta). A região onde o solo era infértil devido ao calor feroz do sol era conhecido como Deshret ou Terra Vermelha. Assim a associação entre aridez e Caos foi feita, pois Set,o deus do Caos,era também o deus da infelicidade e da desordem. É bem provável que Kamet estivesse ligado a Hórus que simbolizava a Ordem. A harmonia, então, alcançada quando as forças opostas Hórus e Set se mantinham em equilíbrio. Para isso, Maat entrava em cena, já que era a deusa da justiça divina e do próprio equilíbrio.
A Dualidade Entre Caos e Ordem:
Se no Antigo Egito, tanto Caos como a Ordem tinham de estar em pé de igualdade sem nenhuma delas ganhar o controle sobre às custas da outra. Séculos mais tarde, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche afirmou o mesmo, porém usou dois deuses gregos e irmãos de personalidades opostas: Apolo como a ordem e a razão, e Dionísio como a desordem e a emoção. Para os pitagóricos, Cosmos e Caos são excludentes e não coexistindo no mesmo espaço. Pitágoras criou uma espécie de "Tábua de Opostos" na qual se apresentam os principais pares de opostos dos quais se originam diferentes níveis de realidade:
- Finito/Infinito;
- Par/Ímpar;
- Unidade/Diversidade;
- Direita/Esquerda;
- Repouso/Movimento;
- Reta/Curva;
- Luz/Trevas;
- Bem/Mal;
- Quadrado/Losango
Luz e Trevas se misturam?
O conceito de "Ordem no Caos" foi um ideal pitagórico e também da Maçonaria Moderna.
"O Grande Arquiteto cria a Luz e expande-a ininterruptamente, daí concluindo-se que o mundo
não foi criado, nem sem sete dias, nem sem sete períodos...ele está sendo continuamente criado".
Hipoteticamente, em algum momento, Luz e Trevas estavam juntas,Caos(Desordem) e Ordem estavam juntos embora uma/um não provém da/do outra/outro. Uma vez que o Cosmo é produto do Caos, nosso universo veio da Escuridão Inicial. O Cosmos é o quê? Luz? Ele não Luz ou Trevas mas um composto dos dois. A dualidade (1+1=2) o par de opostos é aquilo que dá foram ao universo e tudo que conhecemos.
A Luz/Eros é o fator multiplicador das formas e dos seres gerando energia e calor para vida surgir.
"A Unidade pode ser considerada a matéria primordial do Cosmos que, por diferenciação ou evolução, gera a diversidade".(Carlos Brasílio Conte/2015). Séculos antes, Platão afirmara: a Unidade gera a Pluralidade, e Aristóteles afirmou: a Pluralidade procede da Unidade. Ambas afirmativas são baseadas nos conceitos de Pitágoras e significam a mesmíssima coisa numa ótica diferente.
Metafísica Fractal:
Dione Fortune, sob influência cabalista, diz que o equilíbrio entre opostos ou a dualidade não é eternamente linear e estática. É necessário atrito, bifurcação ou um ponto de decisão no qual surge uma nova estrutura que refaz a volta por outro caminho. Isso porque a realidade que conhecemos não é linear mas em curvas como um arco e a volta é feita por uma curva diferente da inicial. Resultando um novo equilíbrio até que outro ponto de desordem é ocasionado. A bifurcação ou ponto de decisão é conhecido como Terceira Esfera ou Binah. Talvez não só Binah mas as outras esferas da Cabala em relação à Árvore da Vida tem haver com os pontos de bifurcações ou ramificações que geram novos estados. Paulo de Tarso em sua Carta aos Coríntios diz : No presente, nós vemos como num espelho e de maneira confusa; então, veremos face a face. No presente, conheço de maneira imperfeita; então, conhecerei como sou conhecido. Um quebra- cabeças que desmontado cada peça tem forma desigual mas que unidas cada uma a parte que é do encache apresenta-se um todo harmônico.